A floresta: o futuro sustentável da sociedade moderna

A floresta: o futuro sustentável da sociedade moderna

A sustentabilidade e o desenvolvimento da floresta são indissociáveis e devem andar de mão dada.

Esta estabelecida relação que existe entre floresta e sustentabilidade, para que seja bem-sucedida, deve implicar uma conjugação perfeita das diferentes variáveis da sociedade moderna.

Comecemos pela floresta, um bem que existe desde sempre ao serviço da humanidade, tendo sempre representado uma fonte inestimável de matéria-prima para a sociedade, cumprindo um papel de recurso absolutamente necessário.

De seguida a sustentabilidade, um conceito mais recente que visa a necessidade de garantir que esta fonte de recursos, bens e serviços perdure e se protele saudavelmente no tempo, com objetivos de aumento de qualidade e quantidade.

Uma floresta que não é sustentável, é uma floresta que, em última instância, está condenada a desaparecer.

A evolução da sociedade portuguesa, no sentido de uma sociedade cada vez mais urbana, tem levado a um maior afastamento da floresta e sua necessidade de sustentabilidade. Este afastamento físico, leva a uma perceção conceptual da floresta com um olhar bucólico, uma floresta idílica, muito longe do que deveria ser uma floresta sustentável. E é esta visão afastada da realidade que acaba por ser causadora de muitos dos problemas que as florestas atualmente enfrentam e que a afastam da sustentabilidade.

Um futuro sustentável para a floresta

A floresta tem um papel essencial nesta sociedade moderna, começando logo pelo seu papel no combate às alterações climáticas, através da sua capacidade de sequestro e sumidouro de carbono, mas também através de todos os serviços de ecossistemas que proporciona.

Atento este papel fulcral, a sociedade terá de entender que a floresta é um bem essencial para o seu bem-estar, sendo imprescindível que seja (bem) gerida, equilibrada e rentável. Só assim será possível assegurar que uma floresta que apesar de localizada fora dos centros urbanos, esteja perto no retorno que proporciona à sociedade moderna que cada vez mais necessita de todo o potencial que uma floresta sustentável pode prover. O grande desafio nos tempos que correm é encontrar formas de conseguir que a nossa floresta tenha um futuro sustentável.

Combater o abandono e a desertificação rural

Para conseguirmos este objetivo, deparamo-nos com diversos desafios, sendo um dos principais o abandono e desertificação social do espaço rural.

Segundo os dados oficiais, existem em Portugal continental cerca de 3,5 M hectares de floresta, o que representa cerca de 39% do território continental. Considerando o país dividido entre Norte e Sul do rio Tejo, observamos realidades distintas, que comportam necessariamente soluções distintas.

A Sul do país (genericamente), predominam propriedades de maior dimensão, sendo muito do território ocupado por folhosas autóctones com baixa densidade de árvores por hectare. Nesta zona, a capacidade para gestão é maior e encontra-se um sistema agroflorestal que potencia a redução de risco de incêndio, o que acarreta uma consequente atratividade para gerir.

Impacto das alterações climáticas

Não obstante, este território está sujeito a alterações climáticas, não podendo deixar de se preparar o futuro com opções de silvicultura adaptadas a este contexto. Será assim necessária uma nova abordagem onde se inclui o melhoramento genético, melhores práticas em coberturas de solo, densidades e intensidade pastoril, entre outros.

A Norte do país é onde se enfrentam as maiores dificuldades, atendendo ao abandono de terras bastante mais representativo e à maior fragmentação da propriedade.

Segundo um documento do Grupo de Trabalho para a Propriedade Rústica, as regiões do Centro e Norte concentram 85% dos prédios rústicos de Portugal, sendo que estas regiões possuem 54% da área total do País. A área média por artigo também é bastante distinta na região do Centro e Norte para o Sul, sendo 0,6 hectares na região Centro, o que contrasta com 9,9 hectares no Alentejo.

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É necessário criar incentivos para o aumento da gestão, especialmente em áreas de floresta de eucalipto, criando incentivos para a sua renovação com plantas melhoradas e maior gestão, procurando ao mesmo tempo a instalação de novas áreas de floresta diversificada com folhosas autóctones.

Esta fragmentação elevada em mais de metade do país, conjuntamente com o já referido abandono (falta de gestão e, entre outras razões, a ausência de cadastro) leva a um aumento do risco de incêndio.

Segundo os dados do ICNF, até 15 de agosto de 2022 cerca de 75% dos incêndios situaram-se nas zonas Centro e Norte do país, num total de cerca de 80 mil hectares ardidos. Esta realidade provoca uma espiral descendente que leva a que o elevado risco provoque retração na gestão, levando a um aumento do abandono de terras, o que por sua vez conduz a um aumento do risco de incêndio.

Reduzir as emissões de CO2

A sociedade atual e toda a conjuntura ambiental obriga-nos a olhar para a descarbonização com muita atenção, tendo como objetivo, por um lado, o esforço de reduzir o consumo de combustíveis fósseis, e, por outro, o aumento do sequestro e sumidouro de CO2.

A Altri tem tido como objetivos na prossecução da sua missão procurar a redução das emissões através da utilização de equipamentos híbridos nas operações florestais (atualmente com 8 máquinas em funcionamento) e, na área do sequestro/sumidouro, tem práticas florestais sustentáveis e utiliza material genético melhorado, aumentando assim a taxa de fixação de CO2 e provocando a redução das áreas ardidas (prevenção e combate via AFOCELCA). Só com uma floresta produtiva, saudável e sustentável se consegue prevenir incêndios e, sem isto, o atual nível de incêndios existente no nosso país continuará a ser um problema não resolvido.

Todas as políticas florestais não podem deixar de ter presente que a floresta está diretamente relacionada com o bem-estar da sociedade em diversas vertentes, desde o cumprimento de um papel de sequestro/sumidouro de carbono, como em todos os produtos e serviços que proporciona à sociedade, desde o papel, ao têxtil, proteção do solo ou a qualidade da água.


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    Uma floresta estática, não sustentável, pode não contribuir para o bem-estar da sociedade.

    O caminho que o país deve seguir com a floresta

    É por isso essencial perceber que uma floresta estática, não sustentável, pode não contribuir para o bem-estar da sociedade. É absolutamente necessário fomentar uma floresta de produção, conservação e lazer, pois só assim se conseguirão satisfazer todos as exigências atuais de uma sociedade moderna e urbana.

    No nosso país é possível fazê-lo. Temos excelentes condições para que estas diversas funções possam coexistir. No entanto, para o atingirmos, é necessário criar incentivos para o aumento da gestão, especialmente em áreas de floresta de eucalipto, criando incentivos para a sua renovação com plantas melhoradas e maior gestão, procurando ao mesmo tempo a instalação de novas áreas de floresta diversificada com folhosas autóctones, utilizando a floresta de eucalipto como alavanca para o aumento da área de floresta, da produtividade e, consequentemente, da rentabilidade. Só assim será possível parar esta espiral descendente, aumentando a taxa de sequestro (eucalipto apresenta maior taxa de sequestro) e o sumidouro (aumento da área de floresta).

    A sociedade depende da floresta (entre outros) na descarbonização, nos produtos renováveis, nos serviços de ecossistemas. Para o bem do nosso futuro, isto tem de ser entendido.