Formação sobre rodas

Formação sobre rodas

Uma sala de formação móvel assente numa carrinha adaptada é uma das mais recentes apostas da Altri Florestal para continuar a levar até à frente de obra a divulgação das melhores práticas de segurança no trabalho.

Há trabalhos que têm tendência para maiores riscos de acidentes do que outros. Quem trabalha na área florestal sabe-o. A Altri Florestal conta com cerca de 120 fornecedores florestais dispersos por todo o território nacional, de Braga até Monchique.

Um dos cuidados que a empresa sempre teve foi dar formação na frente de trabalho aos colaboradores dos seus fornecedores. Essas acções são realizadas pelos técnicos de campo, os encarregados da gestão florestal. Sempre que se inicia um trabalho (obra), é dada uma formação sobre os principais riscos e perigos da actividade a todos os colaboradores das empresas subcontratadas que prestam serviços florestais, seja uma pessoa que está a plantar, um operador de máquina ou um motosserrista. “Todos devem ter um mínimo de 30 minutos de formação em todas as obras”, diz Pedro Serafim, responsável de certificação florestal e biodiversidade da Altri Florestal.

O conteúdo ministrado foca os aspectos mais relevantes de cada obra e é feito no local. O objectivo? Garantir que as pessoas interiorizam a mensagem com os procedimentos adequados de uma forma mais fácil. Ao ser dada no local de trabalho, a formação permite aos colaboradores iniciarem o trabalho em alerta. Esta sempre foi a opção em detrimento de promover formações mais complexas e de grande dimensão, de um ou dois dias, fora do ambiente de trabalho. A estratégia foi sempre privilegiar a formação na frente de trabalho.

Pedro Serafim conta que estas iniciativas permitiram reduzir os acidentes laborais. “Nos últimos 10 anos, tivemos um acidente de trabalho mortal e há, em média, um acidente de trabalho por ano. São valores que gostaríamos de ver ainda mais reduzidos, apesar de estes já se encontrarem muito abaixo da média nacional de sinistros relativos à actividade florestal”, explica o responsável, acrescentando que trabalham para alcançar uma redução até zero acidentes de trabalho.

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As formações permitiram reduzir os acidentes laborais para valores abaixo da média nacional relacionada com a actividade florestal.

A formação na frente de trabalho é uma realidade na Altri Florestal desde 1998. Tudo começou com a certificação de gestão da qualidade. A obtenção da certificação ISO 9001 para a produção de rolaria de eucalipto e para a produção de pasta de papel incentivou a empresa a implementar um sistema de gestão da qualidade através do qual se promove e monitoriza a melhoria contínua dos produtos e serviços e a eficiência da organização. A empresa acabou por implementar o Sistema Integrado de Gestão Florestal, que resultou dos princípios e critérios para a gestão florestal dos dois referenciais normativos mais difundidos globalmente (FSC® – Forest Stewardship Council® (1) e PEFC™ – Programme for the Endorsement of Forest Certification).

Ao abrigo destas duas certificações, a Altri Florestal promove a certificação florestal dos seus parceiros e fornecedores de matéria-prima, com apoio técnico para a constituição e o funcionamento dos agrupamentos de produtores, e a consequente aquisição de madeira certificada.

  • João Reis, Acácio José Henriques e Pedro Serafim, da Altri Florestal
    João Reis, Acácio José Henriques e Pedro Serafim, da Altri Florestal
  • A carrinha está equipada com um sistema de vídeo e som, que facilita a apresentação dos conteúdos aos colaboradores
    A carrinha está equipada com um sistema de vídeo e som, que facilita a apresentação dos conteúdos aos colaboradores
  • Estes meios permitem passar a mensagem através da visualização de vídeos com as melhores práticas de segurança e ambiente na função que vão executar
    Estes meios permitem passar a mensagem através da visualização de vídeos com as melhores práticas de segurança e ambiente na função que vão executar


    Inovação: uma sala de formação itinerante

    São quase duas décadas de formação na frente de trabalho, de conteúdos leccionados que, com o passar do tempo, sofreram actualizações e melhorias, acompanhando a evolução da actividade A procura do aperfeiçoamento da formação e de melhores condições no local de trabalho é uma constante na empresa. Fruto dessa vontade, surgiu a possibilidade de dotar a organização com um novo equipamento para realizar a formação no local de trabalho. Este novo equipamento permite passar a mensagem de uma forma mais fácil e prática aos colaboradores. A inovação chegou através da transformação de uma carrinha corrente de carga numa sala de formação, é que permite ter um espaço de formação móvel. O veículo está equipado com um sistema de vídeo e som, o que facilita a apresentação dos conteúdos aos colaboradores.

    A ideia surgiu depois de Miguel Silveira, administrador da Altri Florestal , ter verificado que nas unidades fabris do grupo, nomeadamente na Celbi, o vídeo sobre os comportamentos de segurança transmitido a todos os fornecedores à entrada da fábrica era muito eficaz na transmissão de conhecimentos. Perante a dispersão dos operadores nas frentes de trabalho na Floresta e a distância aos locais de formação, surgiu a ideia de criar uma formação itinerante. “Não temos muitas pessoas por obra, mas temos muitas obras espalhadas pelo País. Este equipamento pode revelar-se muito útil para dar mais e melhores condições de trabalho aos nossos colaboradores”, explica Pedro Serafim. Foi assim que se decidiu avançar com este equipamento, que passou pela compra da carrinha e a adaptação do habitáculo para uma pequena sala de formação. Um investimento que rondou os 80 mil euros e que incluiu o trabalho desenvolvido pela MOBIPeople, uma empresa de Coimbra muito conhecida no sector, que faz adaptações de carrinhas para a área do turismo.

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    O grande desafio que se coloca à evolução das acções de formação é trabalhar melhor os comportamentos.

    O novo equipamento foi para o terreno em Outubro de 2016 e trouxe outra capacidade de divulgar o conteúdo da formação. Passar a mensagem de um suporte em papel para vídeo é uma grande mais-valia que ajudou a captar a atenção dos colaboradores. A este facto acresce a protecção física que a carrinha oferece ao formador e aos formandos, protegendo-os da intempérie, do vento ou do sol, permitindo que se sentem num espaço coberto que está no local de trabalho. O comportamento é muito diferente na carrinha de formação da Altri Florestal do que numa sala de formação tradicional. Quem o diz é Pedro Serafim, justificando esta situação com o facto de as pessoas com o conteúdo em vídeo se desinibirem mais, falando assim dos comportamentos que devem ter. “É isso que pretendemos atingir. Desmaterializar a sala de aula e transportá-la para o local de trabalho dando o máximo de conforto possível, fora da chuva, do vento, e do sol.”

    Com a Carrinha de Formação, estão planeadas 70 acções de formação ano e, sem a carrinha, em 2016, realizaram-se cerca de 900 acções de formação na frente de trabalho.

    Em Números

    120 fornecedores
    250 colaboradores formados / ano
    900 acções de formação realizadas na frente de trabalho em 2016
    70 acções de formação anuais realizadas pela carrinha
    9.000 quilómetros percorridos pela sala de formação itinerante

    Importância do vídeo

    Os vídeos têm sete ou oito minutos de duração e estão centrados nos riscos de segurança que não são aceitáveis no trabalho florestal. As principais ameaças relacionadas com a actividade florestal estão identificadas nestas formações. É explicado que não se devem correr esses riscos de forma alguma, quais são as consequências e os géneros de acidentes que podem acontecer, e como se podem evitar cumprindo as indicações dadas na formação.

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    A carrinha está equipada com um sistema de vídeo e som, o que facilita a apresentação dos conteúdos aos colaboradores. Esta situação permite passar a mensagem através da visualização de vídeos com as melhores práticas de segurança e ambiente na função que vão executar.

    Acácio José Henriques, encarregado florestal, afirma a importância destas formações na frente de trabalho e diz que ajudam a transmitir, a quem trabalha na área florestal, os cuidados e os procedimentos de segurança que devem ter no desempenho das suas funções. Acácio Henriques lida diariamente com os fornecedores e os colaboradores. Ele é um dos quadros da Altri que no local de trabalho assegura que as formações são dadas. Nos contactos estabelecidos, os colaboradores reconhecem os benefícios destas acções. “Permitem entender que situações de perigo podem surgir pela não utilização do equipamento de forma correcta, como um colete reflector, um capacete ou umas luvas.” Sempre que se inicia uma obra é dada uma formação com os princípios de segurança, é apresentado um pequeno manual com informação diversa e são revistos os procedimentos de segurança. Acácio Henriques constata que “quando a carrinha de formação está presente é mais fácil mostrar essa informação aos colaboradores, visto que se encontra em vídeo, o que chama mais a atenção das pessoas do que uma explicação com um manual de papel”.

    Existe um plano anual para a carrinha estar, pelo menos, uma vez por ano com cada fornecedor de norte a sul do País. Esse é o mínimo estipulado, mas há situações em que o número de visitas aumenta. João Reis, responsável da Região Florestal Oeste da Altri Florestal, explica que sempre que se inicia uma empreitada, coordena com Pedro Serafim a ida da carrinha para ministrar a formação. “Acertamos os dois a disponibilidade da viatura tendo em conta alguns factores, como os fornecedores com os quais estamos a trabalhar e o tempo que o trabalho vai demorar. Em obras de maior dimensão, o trabalho é feito com vários fornecedores e ao tratar-se de uma obra grande os riscos também aumentam”, conta João Reis, concluindo que, por esse motivo, “a carrinha com a sala de formação é a terceira vez que se desloca ao local para dar formação”.

    O grande desafio que se coloca à evolução das acções de formação é trabalhar melhor os comportamentos. A utilização segura das máquinas é algo que já está bastante interiorizado nos colaboradores. Um resultado positivo da estratégia de repetição das formações na frente de trabalho. O problema que ainda existe com os acidentes de trabalho reside na atitude. Pedro Serafim explica que “são funções muito repetitivas nas quais deve existir sempre uma atitude proactiva para que o trabalhador reconheça que não pode ultrapassar determinados limites, que a partir desse momento ou situação pode causar um acidente”. Para o responsável da certificação florestal e biodiversidade da Altri Florestal, a próxima aposta será tentar perceber os quase-acidentes, aqueles momentos em que quase aconteceu um acidente, mas que acabou por não se concretizar. “Do ponto de vista da segurança e da formação, este é um trabalho mais desafiante, tentar perceber quando acontecem esses momentos e o que os origina, do que apenas tentar evitar o acidente.”

    Workshop de primeiros socorros

    É possível minimizar a ocorrência de acidentes, mas não se podem evitar. Estes acontecimentos não estão calendarizados na agenda com a hora e o local em que vão acontecer. Sabendo que os azares existem e que os trabalhos desenvolvidos no sector florestal decorrem muitas vezes em zonas com pouca ou nenhuma sinalética e sem cobertura de telefone, os primeiros socorros prestados a um acidentado são de grande importância. Em casos de acidentes graves, esta acção pode significar a diferença entre a vida e a morte.

    Para prevenir estas situações, a Altri Florestal, em parceria com a EuroPGS, dá formação de primeiros socorros aos seus colaboradores com indicações precisas de como actuar em caso de acidente, quer no primeiro socorro que é prestado no local, quer na forma como devem comunicar ao 112 a posição exacta do acidente e a gravidade do mesmo, permitindo que a ajuda chegue o mais rapidamente possível e o socorro seja prestado com rapidez e eficiência.