Um roteiro para a sustentabilidade

Um roteiro para a sustentabilidade

O setor da pasta e do papel é um dos melhores exemplos de economia circular, uma vez que utiliza recursos renováveis de uma forma eficiente e em cascata. A água é um desses casos, mas na Altri há mais exemplos de reutilização, reciclagem e valorização energética.

A preservação da qualidade da água que corre pelo Tejo, desde a sua entrada em território nacional até à região de Abrantes, foi o principal tema de debate que reuniu várias personalidades, entidades públicas e associações ambientalistas na Celtejo. 

Aproveitando este palco, a Altri partilhou informação para mostrar o seu forte compromisso e a sua política de gestão eficiente da água, que assenta num plano de ação com dois eixos.

O primeiro pretende reduzir o uso específico de água, com a adoção de medidas internas; e o segundo passa por reutilizar as águas residuais tratadas nas unidades industriais. 

Os exemplos apresentados no evento Celtejo de Portas Abertas são uma amostra do alcance e da complexidade das várias medidas implementadas pela Altri relacionadas com a economia circular e alinhadas com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas. 

Sofia Reis Jorge, diretora executiva de sustentabilidade da Altri, participou no evento dando uma visão da forma como todas as empresas do grupo encaram a sustentabilidade. “A Altri acredita que só é possível alcançar um verdadeiro desenvolvimento ambiental, económico e social se os critérios norteadores das decisões no seio do grupo forem critérios de sustentabilidade.”

Sofia Reis Jorge, diretora executiva de sustentabilidade do grupo Altri

Sofia Reis Jorge, diretora executiva de sustentabilidade do grupo Altri

Proteção e cuidado dos recursos hídricos 

Sofia Reis Jorge explicou que cerca de 81% da água captada nas fábricas é devolvida ao ambiente após ser devidamente tratada, cumprindo todos os requisitos definidos nos Títulos Únicos de Recursos Hídricos de cada uma das unidades industriais.

Os restantes 19% acompanham o produto final ou evaporam-se para a atmosfera. Além disso, devido aos vários circuitos de recuperação de água nas diferentes etapas do processo, esta pode ser colocada a recircular cerca de 10 vezes antes de ser enviada para tratamento nas estações de tratamento de águas residuais existentes nas fábricas. 

A proteção dos recursos hídricos não está limitada às fábricas e também é aplicada nas florestas geridas pela Altri, onde, por exemplo, se evita uma utilização inadequada de produtos químicos ou de outras substâncias nocivas que influenciem de forma negativa a qualidade da água. 

A construção das infraestruturas também é feita de forma a preservar o nível natural, a função dos cursos de água e os leitos dos rios, evitando o assoreamento dos cursos de água. 

“Sendo a Gestão Florestal da Altri certificada pelo FSC®1 e pelo PEFC™2, um dos princípios-base é a existência de planos de gestão florestal que contemplem a proteção e a conservação dos recursos naturais, entre os quais a água”, esclarece Sofia Reis Jorge, acrescentando que “é por tudo isto que o uso responsável da água é, desde há muitos anos, uma prioridade da Altri, tendo todas as fábricas definido programas de melhoria com objetivos bastantes ambiciosos para o uso específico de água, sem prejudicar a qualidade dos seus efluentes finais”.

Nesse sentido, a Altri definiu como objetivo reportar, até 2021, o seu desempenho na gestão da água no âmbito do Water Disclosure Projet (WDP), como forma de gestão e medição da sua pegada hídrica.

Cada uma das fábricas da Altri tem a sua pegada de água específica dependendo da idade dos equipamentos e do tipo de produto. Os resultados das ações implementadas, entre 2009 e 2019, levaram a que as fábricas da Altri evidenciassem uma redução no uso específico de água em cerca de 45%.

Celbi e Celtejo são referências internacionais

O uso específico de água, ou seja, a quantidade de água necessária para produzir uma tonelada de pasta é atualmente cerca de 21 m3/tpsa valor considerado de referência para o setor da pasta e do papel e abaixo da referência das Melhores Tecnologias Disponíveis (MTD) do PCIP (Prevenção e Controlo Integrado de Poluição) e das diretrizes do IFP (International Financial Corporation), que estabelecem o intervalo de 25 m3/tpsa a 50 m3/tpsa como melhores práticas globais de gestão da água para esta atividade.

A fábrica da Celbi é considerada referência mundial em relação ao uso específico de água. Desde 1990 o uso específico de água reduziu 80% e o objetivo definido é de 10 m3 de água por tonelada de pasta até 2025.

Comparando a Celbi com os seus concorrentes mais fortes que produzem pasta de papel a partir de eucalipto, esta fábrica é a mais eficiente no que diz respeito à gestão que faz da água, sendo logo seguida pela Celtejo. 

A Caima, por ser uma fábrica de pasta solúvel, não foi incluída neste gráfico. No que toca ao tratamento dos efluentes, as fábricas da Altri possuem Estações de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) altamente eficientes que asseguram que os efluentes descarregados para os meios recetores são ecologicamente seguros e cumprem todos os requisitos regulamentares. 

Neste âmbito, a Celtejo, com o objetivo de dar cumprimento às condições extremamente exigentes definidas no seu Título Único Ambiental, desenvolveu um plano que permitiu à unidade fabril evoluir para um novo modelo industrial de economia circular mais sustentável. 

Este plano materializou-se num investimento de cerca de 14 milhões de euros na ETARI, tendo utilizado as melhores tecnologias disponíveis ao nível mundial, incluindo uma etapa de tratamento por ultrafiltração por membranas, com eficiências de redução para os parâmetros CQO, CBO5 e SST de cerca de 90%, passando a ser uma instalação de referência mundial no setor da pasta.

A fábrica da Celbi é considerada referência mundial em relação ao uso específico de água. Desde 1990 o uso específico de água reduziu 80%.

Transformar lamas da ETARI em fertilizante

Reduzir, reutilizar, recuperar e reciclar materiais ou energia. Este é um dos conceitos-base da economia circular que a Altri está a explorar em várias áreas do grupo. No caso da Celtejo, foi apresentando o projeto-piloto para produzir fertilizante através das lamas secundárias produzidas pela ETARI que serve essa unidade industrial. 

Sofia Reis Jorge conta que as lamas biológicas produzidas na ETARI da Celtejo resultam da biomassa em excesso que se forma durante o processo de biodegradação de matéria orgânica e outros nutrientes (azoto e fósforo). Depois as lamas secundárias são espessadas graviticamente, desidratadas mecanicamente e encaminhadas para contentores de armazenamento. 

“A Celtejo, estrategicamente comprometida com a sustentabilidade ambiental e com a economia circular, desenvolveu, no ano 2019, um projeto com o objetivo de aproveitar a matéria orgânica e os nutrientes presentes nas lamas biológicas e reutilizá-las como fertilizante no setor agrícola/florestal.” O parceiro com quem estão a trabalhar no projeto-piloto é a Agristarbio, empresa proprietária da tecnologia aplicada na instalação. 

“Com a reutilização das lamas biológicas na fertilização dos solos florestais, fecha-se o ciclo de vida da matéria orgânica que teve origem na própria floresta”, sublinha a responsável pela área da sustentabilidade. Como criadora de produtos renováveis, a Altri aplica a economia circular ao longo de toda a sua cadeia de valor – desde as suas florestas geridas de forma sustentável, passando pelo processo de produção das pastas de celulose até à forma como reutiliza todos os subprodutos. 

Na Altri, cerca de 95% das matérias-primas utilizadas são renováveis, sendo a estratégia do Grupo “aproveitar ao máximo todos os subprodutos resultantes dos seus processos e atividades”. 

Foi definido um plano de ação que consiste em dois principais eixos de atuação: aumentar a eficiência operacional das unidades industriais, por forma, a diminuir a utilização de recursos naturais e a produção de resíduos; e obter produtos de maior valor acrescentado que permitam uma utilização dos subprodutos e resíduos produzidos nas unidades fabris como matéria-prima para outras indústrias. 

É disso exemplo a produção de fertilizantes para aplicação na floresta ou a valorização energética de biomassa florestal residual nas centrais termoelétricas de biomassa.

Atividade alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas

Num mundo em constante mudança, em que os consumidores são cada vez mais informados e exigentes, no que diz respeito à origem dos produtos que consomem e à forma como estes são produzidos, as oportunidades para a Altri são inúmeras, uma vez que, a matéria-prima utilizada – a madeira – é produzida de forma sustentável, renovável e de origem não fóssil. 

O grupo está numa posição preferencial na colha dos consumidores com produtos alternativos aos que são produzidos a partir de hidrocarbonetos. Também no mercado da energia, a Altri é um dos maiores produtores nacionais de energia renovável a partir de biomassa florestal, um subproduto que resulta da sua atividade industrial.

Há atividades desenvolvidas pela Altri que contribuem diretamente para nove ODS.

“A Altri tem vindo a percorrer o seu caminho centrando-se no que considera fundamental para a criação de valor e para o cumprimento dos seus objetivos de desenvolvimento sustentável: transformação digital, produtos sustentáveis, cultura de melhoria contínua, cultura de segurança, preparar os líderes do futuro, uso responsável da água, biodiversidade nas suas áreas florestais, eficiência energética e redução do uso de combustíveis fósseis”, diz Sofia Reis Jorge. 

Há atividades desenvolvidas pela Altri que contribuem diretamente para nove ODS: Saúde e bem-estar (ODS 3); Educação de qualidade (ODS 4); Água potável e saneamento (ODS 6); Energias renováveis e acessíveis (ODS 7 ); Trabalho digno e crescimento económico (ODS 8); Produção e consumo sustentáveis (ODS 12); Ação climática (ODS 13); Proteger a vida marinha (ODS 14); Proteger a vida terrestre (SGD 15).